30/11/2023 | Categoria: Congressos
Painel(17) Desconhecimento da logística ferroviária traz prejuízos às empresas do setor

Setor tem peculiaridades que precisam ser consideradas em decisões judiciais. Tendência das empresas é optar pela automação

A necessidade de todos os operadores do Direito terem plena ciência de como funciona hoje a logística ferroviária foi um dos assuntos em destaque no painel Futuros e Desafios do Trabalho nas Ferrovias Brasileiras, realizado nesta quinta, dia 30, no II Congresso Nacional da Magistratura do Trabalho, em Foz do Iguaçu.

Mediado pelo desembargador José Pedro de Camargo Rodrigues de Souza, do Tribunal Superior do Trabalho da 15ª. Região, o painel teve como expositores a Dra. Priscila Machado, gerente de Contencioso da empresa VLI, Dr. Marçal Muniz da Silva Lima, Gerente Executivo Trabalhista e Jurídico da ESG (Rumo) e a Dra. Bruna Esteves Sá, advogada da Sammarco Advogados.

O desembargador Rodrigues de Souza disse que o Brasil está ressuscitando a área ferroviária e este é momento da negociação coletiva. Ele ressalta que a legislação trabalhista tem uma feição do mundo ferroviário do começo do século XX e a jornada de trabalho não pode ser vista em função da “velha divisão do trabalho ferroviário”.

Para ele, a evolução exige que as coisas sejam adaptadas. “Me parece haver conceitos fora da realidade. E a busca do conhecimento da realidade está proporcional a uma análise justa por parte do Ministério Público”, salienta.

Priscila Machado, da VLI, chama atenção para a importância da flexibilização da jornada de trabalho, que é de oito horas, e da necessidade de negociação coletiva porque há questões externas que impactam o trabalho do ferroviário, a exemplo de chuvas e práticas de vandalismo. “A gente precisa acompanhar a evolução e as particularidades do negócio”, afirma.

Na opinião dela, também é preciso qualificar os trabalhadores. A logística, diz Priscila, tem impacto gigantesco e é preciso resolver questões do trabalho para o setor não ficar para trás. A VLI emprega hoje 7.500 trabalhadores.

Marçal Muniz da ESG Rumo apresentou o Programa de Conformidade Trabalhista da empresa que tem três pilares: prevenir, detectar e reparar. Para ele, é preciso trazer clareza do que a legislação permite para as pessoas ficarem cientes da aplicação de programas deste tipo.

Entre as ações aplicadas pela empresa por meio do programa estão treinamento, divulgação ampla de canais de denúncia, fiscalizações externas e monitoramento contínuo. “O primeiro grande desafio é o engajamento da alta liderança porque a conformidade nada mais é que cultura”, frisa.  A Rumo tem hoje tem 1.400 locomotivas e 35 mil vagões.

Bruna Esteves Sá, da Sammarco, diz que as empresas do setor sofrem muito em razão do desconhecimento da logística ferroviária. Neste contexto, ela coloca em evidência a jornada de trabalho dos ferroviários.  “Embora existam acordos coletivos sobre turnos de 8 horas mais 2 horas extras, muitos juízes desconsideram os acordos coletivos dizendo que é uma jornada exaustiva”, diz.

Entre os principais problemas enfrentados hoje pelo setor são ações trabalhistas referentes à monocondução - condução do trem por um único maquinista e a falta de banheiros em alguns trens.

No que diz respeito à monocondução, os trabalhadores alegam acúmulo de função porque precisam acionar um botão a cada 50 segundos para mostrar que estão vivos e ativos. Antes, tal papel era feito pelo auxiliar de maquinista, cuja função não existe mais.

Em relação a falta de banheiros, muitos trabalhadores costumam entrar com ação alegando que não é permitido a parada da composição para ir ao banheiro. Alguns trens antigos pertencentes ao estado não têm banheiro, mas as empresas não podem se desfazer deles porque será necessário devolvê-los. Por isso, essas locomotivas são usadas para manobras, explica a advogada. 

Bruna ainda diz que em uma sentença publicada semana passada, um juiz com viés protetivo, condenou, pelo fato de a locomotiva não ter banheiro, uma empresa em R$ 100 milhões. “Esse tipo de decisão que desconhece a realidade acaba causando um prejuízo financeiro às empresas que vão começar a optar pela automação total”.

 

 

 

  A autora | Autor: Denise Paro
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Entenda o Congresso

Início: 29/11/2023 17h30 Fim: 01/12/2023 14h

Foz do Iguaçu será palco do maior congresso brasileiro da magistratura do trabalho.

Nos dias 29 e 30 de novembro e 1 de dezembro de 2023, o Bourbon Cataratas do Iguaçu Thermas Eco Resort, em Foz do Iguaçu/PR, será palco da segunda edição do Congresso Nacional da Magistratura do Trabalho. Esse evento de grande relevância reunirá ministros de Estado, do STF, do STJ e do TST, além de desembargadores, juízes, juristas renomados, advogados, representantes de entidades sindicais de trabalhadores e empresários, com o objetivo de aprofundar o debate sobre modelos regulatórios, progresso tecnológico e os impactos socioeconômicos, jurídicos e institucionais nas relações de produção.

O congresso contará com 25 painéis que discutirão temas fundamentais relacionados às relações de trabalho. Ao longo de três dias, mais de 100 palestrantes contribuirão para os debates. Entre os destacados participantes, o ministro Cristiano Zanin do Supremo Tribunal Federal, o Ministro Luis Felipe Salomão do Superior Tribunal de Justiça e Corregedor Nacional de Justiça e vários ministros do Tribunal Superior do Trabalho, entre outros renomados juristas, professores, advogados e dirigentes de entidades públicas e privadas, tornando este congresso o maior evento da Justiça Social do Brasil.

As profundas transformações no mundo do trabalho, impulsionadas pelos avanços tecnológicos e pelas novas formas de organização da produção, têm desafiado o sistema clássico de regulação das relações entre capital e trabalho. Existe um consenso significativo quanto à necessidade de modernizar e adaptar esse sistema aos tempos atuais.

O diálogo direto entre os atores sociais tem sido apontado como a melhor maneira de alcançar o equilíbrio entre os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa, alinhado com as diretrizes da Organização Internacional do Trabalho (OIT). Nesse contexto, a regulação jurídica laboral está evoluindo para um modelo mais flexível, moldado pelos atores sociais com base em parâmetros de produtividade e competitividade.

A proteção social dos trabalhadores está intrinsecamente ligada à proteção da atividade econômica e isso tem sido reafirmado pelo legislador ordinário em revisões recentes, como a Lei de Falências e Recuperação Judicial e Extrajudicial e a Lei que consagra a Declaração de Direitos da Liberdade Econômica. Essas duas leis destacam a importância da atividade econômica, a ser desenvolvida com função social, para o progresso nacional, inclusão social, geração de empregos, distribuição e ampliação de renda e incremento da arrecadação tributária.

A nova Lei das Sociedades Anônimas de Futebol, que atrai investimentos para o setor esportivo, também será discutida, assim como os desafios trabalhistas relacionados a privatizações e concessões de atividades anteriormente exploradas pelo Poder Público.

Nesse cenário complexo surge o questionamento sobre o papel da Justiça do Trabalho na compreensão dos novos marcos legais e das novas realidades geradas pelo progresso tecnológico e pelas novas formas de organização produtiva.

O II Congresso Nacional da Magistratura do Trabalho é organizado pela Academia Brasileira de Formação e Pesquisa (ABFP) e pela Associação Brasileira de Magistrados do Trabalho (ABMT), com o apoio acadêmico e patrocínio da Universidade Nove de Julho (Uninove) e de diversas instituições públicas e privadas, incluindo a Academia Nacional de Direito Desportivo (ANDD) e a União Geral dos Trabalhadores (UGT).

Além dos debates, a programação inclui o lançamento do livro "A Jurisdição Social no Brasil e o Futuro do Trabalho", que reúne artigos produzidos por palestrantes e mediadores do I Congresso Nacional da Magistratura do Trabalho, realizado em 2022.

 
O tema do congresso será "Modelos Regulatórios, Progresso Tecnológico e Impactos Socioeconômicos, Jurídicos e Institucionais" e terá como objetivo discutir os desafios que o mundo do trabalho vem enfrentando diante dos avanços tecnológicos e das novas formas de organização da produção. O evento promoverá um diálogo entre diferentes atores do Poder Judiciário e de diferentes áreas do conhecimento, como economia, administração e sociologia.

O congresso será um espaço privilegiado para a discussão dos cenários normativos, socioeconômicos e tecnológicos contemporâneos e contará com a participação de representantes das classes profissional e empresarial, além de atores institucionais dos Poderes Judiciário, Executivo e Legislativo, do Ministério Público e da Advocacia.

Os participantes do último congresso estão convidados a participar novamente e trazer suas experiências e perspectivas atualizadas. Além disso, o evento está aberto a todos aqueles que se interessam pelo tema e desejam contribuir com o debate.

O objetivo do congresso é oferecer aos congressistas aportes teóricos e instrumentos de análise para a compreensão dos novos cenários que surgem a partir das inovações legislativas e tecnológicas em curso. Pretende-se analisar de forma responsável e imparcial os erros e acertos cometidos pelo legislador ordinário no processo de Reforma Trabalhista.

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