30/11/2023 | Categoria: Congressos
Painel(25) Negociação de cessão de créditos é debatida por juízes e advogados

A polêmica envolvendo o pagamento de créditos na Justiça do Trabalho foi tema debatido nesta sexta-feira, 1º, no II Congresso Nacional da Magistratura do Trabalho, em Foz do Iguaçu. O assunto fez parte do painel Impactos Socioeconômicos e Jurídicos na Cessão de Créditos na Justiça do Trabalho.

O painel foi mediado pela juíza Thereza Christina Nahas, do Tribunal Regional do Trabalho da 2ª Região. Entre várias considerações, a juíza frisou que é importante considerar a vontade do trabalhador. Ela diz que na CLT o trabalhador não tem autonomia e independência para resolução dos seus conflitos. Mas o trabalhador do século XXI é diferente. “Está na hora do trabalhador ser tratado como uma pessoa capaz”. 

O painel teve como expositores o juiz Sérgio Polastro Ribeiro, presidente da Associação dos Magistrados da Justiça do Trabalho da 15ª Região (AMATRA XV), Dra. Renata Nilsson, advogada, fundadora e CEO (PX Ativos Judiciais) e Dra. Cristina Stamato, advogada de Sindicatos de Trabalhadores.

Primeiro expositor do painel, o juiz Sérgio Polastro definiu cessão de crédito enquanto negócio jurídico bilateral no qual o credor (cedente) cede a alguém (cessionário ou novo credor) seus direitos de crédito em uma relação obrigacional em que figura um devedor (cedido). 

Uma das questões levantadas pelo magistrado no painel foi se é possível reconhecer juridicidade na cessão de um crédito trabalhista. Neste aspecto, ele relacionou inúmeros pontos favoráveis e desfavoráveis.

Ao elencar pontos favoráveis, ele citou a previsão expressa no código civil, celeridade e antecipação de recebimento, a Lei 14.193/2021 art. 22, a disponibilidade do crédito trabalhista, entre outras questões. 

Ao tratar de posicionamentos contrários, Polastro mencionou, entre vários pontos, crédito alimentar, natureza da obrigação personalíssima, relação processual formada com estranho à relação de emprego e aumento da litigiosidade.

Polastro diz que hoje os créditos estão sendo negociados e que existe conflitos de interesse. Isso ocorre quando o advogado compra o crédito do seu cliente. “São questões éticas sérias que já estão acontecendo”.

O juiz faz algumas propostas em relação aos créditos. Ele sugere que:

Toda cessão de crédito seja feita via escritura pública; comunicação notarial ao juízo; homologação (ou não) fundamentada com preservação da independência funcional; hipóteses proibidas quanto às pessoas ou objeto; condições processuais em relação ao novo credor.

Cristina Stamato, advogada de sindicatos de trabalhadores, diz que a regulamentação da cessão de crédito ajudaria e muito. Segundo ela, muitas empresas de grande porte quando decidem realizar acordos dispõem de recurso para pagar o trabalhador, mas utilizam estratégia para protelar.

A advogada ainda ressalta que sob a perspectiva do trabalhador é melhor que ele faça a cessão depois da sentença e do acordão. Ela fez relatos de trabalhadores que contraíram dívidas e aguardavam decisões judiciais para quitá-las. “A gente está falando de sempre estourar a corda no lado mais frágil”.

Renata Nilsson, advogada, fundadora e CEO da PX Ativos Judiciais, trouxe ao debate a visão do fundo. Ela informou que o mercado de crédito não é novo e existe há 20 anos. Uma das maiores preocupações, salienta, é registrar o contrato.

De acordo com a advogada, o Brasil tem uma das maiores taxas de judicialização do mundo, por isso, talvez, esse tipo de mercado de crédito esteja crescendo. Para ela, a cessão de crédito não só ajuda apenas o reclamante, mas a classe dos advogados.

A advogada ainda disse que é preciso enfrentar o tema e não ter burocratização e criticou a condução dos processos. “Tem discussão que não tem o menor sentindo está subindo para TST”.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

  A autora | Autor: Denise Paro
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Entenda o Congresso

Início: 29/11/2023 17h30 Fim: 01/12/2023 14h

Foz do Iguaçu será palco do maior congresso brasileiro da magistratura do trabalho.

Nos dias 29 e 30 de novembro e 1 de dezembro de 2023, o Bourbon Cataratas do Iguaçu Thermas Eco Resort, em Foz do Iguaçu/PR, será palco da segunda edição do Congresso Nacional da Magistratura do Trabalho. Esse evento de grande relevância reunirá ministros de Estado, do STF, do STJ e do TST, além de desembargadores, juízes, juristas renomados, advogados, representantes de entidades sindicais de trabalhadores e empresários, com o objetivo de aprofundar o debate sobre modelos regulatórios, progresso tecnológico e os impactos socioeconômicos, jurídicos e institucionais nas relações de produção.

O congresso contará com 25 painéis que discutirão temas fundamentais relacionados às relações de trabalho. Ao longo de três dias, mais de 100 palestrantes contribuirão para os debates. Entre os destacados participantes, o Ministro Luis Felipe Salomão do Superior Tribunal de Justiça e Corregedor Nacional de Justiça e vários ministros do Tribunal Superior do Trabalho, entre outros renomados juristas, professores, advogados e dirigentes de entidades públicas e privadas, tornando este congresso o maior evento da Justiça Social do Brasil.

As profundas transformações no mundo do trabalho, impulsionadas pelos avanços tecnológicos e pelas novas formas de organização da produção, têm desafiado o sistema clássico de regulação das relações entre capital e trabalho. Existe um consenso significativo quanto à necessidade de modernizar e adaptar esse sistema aos tempos atuais.

O diálogo direto entre os atores sociais tem sido apontado como a melhor maneira de alcançar o equilíbrio entre os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa, alinhado com as diretrizes da Organização Internacional do Trabalho (OIT). Nesse contexto, a regulação jurídica laboral está evoluindo para um modelo mais flexível, moldado pelos atores sociais com base em parâmetros de produtividade e competitividade.

A proteção social dos trabalhadores está intrinsecamente ligada à proteção da atividade econômica e isso tem sido reafirmado pelo legislador ordinário em revisões recentes, como a Lei de Falências e Recuperação Judicial e Extrajudicial e a Lei que consagra a Declaração de Direitos da Liberdade Econômica. Essas duas leis destacam a importância da atividade econômica, a ser desenvolvida com função social, para o progresso nacional, inclusão social, geração de empregos, distribuição e ampliação de renda e incremento da arrecadação tributária.

A nova Lei das Sociedades Anônimas de Futebol, que atrai investimentos para o setor esportivo, também será discutida, assim como os desafios trabalhistas relacionados a privatizações e concessões de atividades anteriormente exploradas pelo Poder Público.

Nesse cenário complexo surge o questionamento sobre o papel da Justiça do Trabalho na compreensão dos novos marcos legais e das novas realidades geradas pelo progresso tecnológico e pelas novas formas de organização produtiva.

O II Congresso Nacional da Magistratura do Trabalho é organizado pela Academia Brasileira de Formação e Pesquisa (ABFP) e pela Associação Brasileira de Magistrados do Trabalho (ABMT), com o apoio acadêmico e patrocínio da Universidade Nove de Julho (Uninove) e de diversas instituições públicas e privadas, incluindo a Academia Nacional de Direito Desportivo (ANDD) e a União Geral dos Trabalhadores (UGT).

Além dos debates, a programação inclui o lançamento do livro "A Jurisdição Social no Brasil e o Futuro do Trabalho", que reúne artigos produzidos por palestrantes e mediadores do I Congresso Nacional da Magistratura do Trabalho, realizado em 2022.

 
O tema do congresso será "Modelos Regulatórios, Progresso Tecnológico e Impactos Socioeconômicos, Jurídicos e Institucionais" e terá como objetivo discutir os desafios que o mundo do trabalho vem enfrentando diante dos avanços tecnológicos e das novas formas de organização da produção. O evento promoverá um diálogo entre diferentes atores do Poder Judiciário e de diferentes áreas do conhecimento, como economia, administração e sociologia.

O congresso será um espaço privilegiado para a discussão dos cenários normativos, socioeconômicos e tecnológicos contemporâneos e contará com a participação de representantes das classes profissional e empresarial, além de atores institucionais dos Poderes Judiciário, Executivo e Legislativo, do Ministério Público e da Advocacia.

Os participantes do último congresso estão convidados a participar novamente e trazer suas experiências e perspectivas atualizadas. Além disso, o evento está aberto a todos aqueles que se interessam pelo tema e desejam contribuir com o debate.

O objetivo do congresso é oferecer aos congressistas aportes teóricos e instrumentos de análise para a compreensão dos novos cenários que surgem a partir das inovações legislativas e tecnológicas em curso. Pretende-se analisar de forma responsável e imparcial os erros e acertos cometidos pelo legislador ordinário no processo de Reforma Trabalhista.

Não perca a oportunidade de participar deste evento imperdível e estar em contato com os principais atores envolvidos nas questões trabalhistas do país. Faça já sua inscrição e garanta sua participação no II Congresso Nacional da Magistratura do Trabalho.

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