20 ANOS DO CÓDIGO CIVIL: Avanços e Novos Desafios
Foi pensado para ser um espaço de apresentação de soluções...
Durante o Congresso "Reforma do Código Civil - Perspectiva e Transformação", realizado na segunda-feira, 11 de dezembro, na sede do Tribunal de Justiça de Sergipe, o Ministro Marco Aurélio Buzzi, do Superior Tribunal de Justiça (STJ), discutiu os desafios e as necessidades de atualização do Código Civil Brasileiro.
Em sua palestra, o Ministro Buzzi ressaltou a importância histórica do Código Civil, afirmando que "o Código de 2002 foi uma reforma do de 1916". Ele expressou preferência pelo sistema romano de legislação, reconhecendo, contudo, a necessidade de atualizações para refletir os avanços sociais e tecnológicos.
“Não faz a maior justiça do mundo, mas é o sistema que está aí. Para mudar só mudando a Constituição ou pegando armas, mas não vejo como opção. Por isso votamos”, reiterou.
Buzzi destacou o papel do ativismo e protagonismo judicial na interpretação e aplicação do Código Civil, exemplificando com um caso impactante no Brasil e no STJ, relacionado a um assédio sexual em transporte público e a consequente demanda por danos morais.
"Não gosto de ativismo, mas aprecio o protagonismo judicial. O sistema romano que prevalece nos oferece segurança jurídica, e é isso que nosso Código Civil nos proporciona", declarou.
O ministro enfatizou a necessidade de transformar as conquistas teóricas, como os direitos humanos e a dignidade, em ganhos efetivos, mencionando o Brasil como um país em desenvolvimento e destacando a persistente desigualdade social. Asseverou que o desenvolvimento de fato chegará somente quando não houver mais no país os 30% da população que vive em extrema pobreza. "Transformar letras em algo verdadeiro é essencial para o desenvolvimento do Brasil", afirmou.
Buzzi também falou sobre a comissão de juristas formada em 24 de agosto de 2023, destacando a necessidade de atualização do Código para abranger avanços tecnológicos e novas formas de contratos comerciais. "Não estamos fazendo um novo Código, mas atualizando o existente, incorporando novidades principalmente das novas tecnologias", explicou.
Por fim, ele convocou a população a participar do processo de revisão do Código, enfatizando a importância de sugestões da comunidade e mencionando áreas específicas de interesse, como a equiparação da união estável ao casamento e as novas formas de família.
"Nossos Códigos sempre foram bons e firmes, e com esta reforma, procuramos manter essa tradição", concluiu Buzzi.
O Congresso do qual Buzzi participou é uma realização da Academia Brasileira de Formação e Pesquisa (ABFP), com coordenação científica do ministro do Superior Tribunal de Justiça, Luis Felipe Salomão, do ministro do Tribunal Superior do Trabalho, Douglas Alencar Rodrigues e dos professores Flávio Tartuce e Lauro Seixas.
Esse foi o segundo Congresso realizado com a mesma finalidade. O primeiro ocorreu em agosto deste ano, em São Paulo.
Sobre o Congresso
Sob a coordenação científica dos Ministros Luís Felipe Salomão e Douglas Alencar Rodrigues, do Professor Flávio Tartuce e do Professor Lauro Seixas, a Academia Brasileira de Formação e Pesquisa (ABFP) realiza o congresso A REFORMA DO CÓDIGO CIVIL - PERSPECTIVA E TRANSFORMAÇÃO, Contando com a participação de ministros do Superior Tribunal de Justiça (STJ) e do Tribunal Superior do Trabalho (TST), além de renomados juristas com atuação nas diferentes áreas do Direito Civil, o Congresso objetiva debater a reforma do código civil.
Com sua permanente pretensão de cientificidade, o Direito representa uma das mais sofisticadas técnicas de controle social. A partir de suas normas, que consagram obrigações, permissões e vedações, são revelados os valores que a sociedade, por seus representantes, entende devam ser prestigiados em determinado momento de sua história. Mas a relação entre as normas jurídicas e a realidade social se desenvolve em permanente tensão, pois as transformações sociais acontecem em velocidade exponencialmente superior à capacidade de resposta dos legisladores. Por isso, buscando satisfazer às suas novas aspirações por liberdade e igualdade, em diferentes campos da experiencia social, a cidadania bate às portas do Poder Judiciário, alcançando respostas não raras vezes contraditórias e em tempo diferido, o que apenas agrava o quadro de insegurança social e jurídica. Apesar dos avanços alcançados com a participação do Poder Judiciário, no entanto, é inegável a centralidade do Poder Legislativo para a disciplina dessas novas demandas e realidades sociais. Com elevado grau de legitimidade democrática, ao Congresso Nacional compete, segundo o desenho constitucional de 1988, enunciar as normas que integram o direito civil brasileiro, tratando de forma isonômica todos os cidadãos. No exercício dessa alta competência democrática, por ato do Senador Rodrigo Pacheco, Presidente do Senado Federal e do Congresso Nacional, constituiu-se Comissão de Juristas encarregados de propor a atualização do Código Civil de 2002. Sob a presidência do Ministro Luís Felipe Salomão, os trabalhos da referida comissão já estão em curso, sendo oportuno, por isso, ampliar os debates com a audiência de juristas de diferentes regiões do país. Nada mais oportuno do que a realização de eventos jurídicos em diferentes estados, permitindo a participação de diferentes atores interessados nas diversas áreas contempladas pela legislação civil.
Quando será?
Dia 11 de dezembro de 2023 (segunda-feira)
Público-Alvo
Magistrados;Comunidade acadêmica das áreas de direito;Lideranças do setor governamental e poder judiciário;Lideranças do setor empresarial; Liderança dos Trabalhadores; Sociedade civil;Imprensa; Parceiros da Academia.
Onde será?
Auditório Terreo do Tribunal de Justiça do Estado de Sergipe
Temas atuais e relevantes
A natureza científica do Direito como técnica de controle social; a representação de valores sociais por meio das normas jurídicas; a tensão entre as normas jurídicas e a rápida transformação da realidade social; a busca da cidadania por respostas no Poder Judiciário devido às mudanças e novas aspirações; a importância de ampliar debates e consultar juristas de diferentes regiões.
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