25/08/2023 | Categoria: Seminário Portos Paraná - 2a Edição
PORTOS DO BRASIL - Ministro defende esforço para garantir desenvolvimento do país

Durante abertura da segunda edição do “Seminário Portos Brasileiros - Os 10 anos da Lei dos Portos: Avanços e Desafios, os próximos 10 anos”, o ministro decano do Supremo Tribunal Federal (STF), Gilmar Mendes, reiterou que ao ser acionada, a Corte tem se esforçado no sentido de racionalizar as demandas concernentes ao desenvolvimento.

Na palestra magna, ministro abordou como as decisões judiciais têm impactado a viabilidade econômica e os investimentos nos portos brasileiros. Isso porque a judicialização é uma constante no setor portuário, um dos pontos que dificultam a atividade.

O evento é realizado pela Associação Brasileira das Entidades Portuárias e Hidroviárias (ABEPH) em parceria com a Academia Brasileira de Formação e Pesquisa (ABFP) e tem como finalidade discutir os avanços e desafios enfrentados pelos portos brasileiros nos últimos dez anos, desde a promulgação da Lei dos Portos. Para isso, reúne autoridades, especialistas e representantes do setor para analisar a trajetória da legislação que redefiniu o cenário portuário no Brasil.

Gilmar Mendes ponderou que o Supremo está atento às travas que podem afetar o desenvolvimento econômico, trazendo sérias consequências à sociedade. O ministro defendeu a ideia de que as instituições devem procurar convergir no sentido do desenvolvimento econômico e social sem renunciar aos princípios constitucionais e do bom senso, sobretudo em relação a sustentabilidade.

“No Brasil temos esses bastiões de resistência. Tipos que hoje, diante da realidade, se revelam reacionários. Não se trata de impedir uma estrada porque afeta o meio ambiente, mas ver o meio mais adequado de fazer sem impactos maiores no meio ambiente. Isso que se deve cuidar”, afirmou.

“É relevante discutir e nos preparar para os próximos 10 anos. Precisamos atender a demanda, que é inevitável e urgente, e é fundamental estarmos atentos a isso. Não devemos ter dúvidas de que nós plasmamos uma Constituição Federal de feição liberal, que valoriza e solidifica a liberdade de iniciativa, consagrando também a propriedade privada”.

Salientou que se a atividade econômica perece, o impacto imediato é o aumento do desemprego. “Não adianta falar ou fazer o discurso do pleno emprego se não tivermos uma atividade econômica. O Estado não vai empregar. Quando esse modelo se implementa, e sei bem o que é um regime burocrático, artificializa o pleno emprego e daqui a pouco ele evapora”, analisou.

Neste sentido, o ministro fez uma crítica relacionada ao contencioso por parte do Tribunal Superior do Trabalho no Supremo Tribunal Federal. Essas ações questionam, por exemplo, a reforma trabalhista, a terceirização.

“Essa discussão da terceirização se assemelhava a Pedra Filosofal. Só pode ser atividade meio ou fim. Seja qual fosse a decisão, no dia seguinte havia uma decisão do TST contrária à nossa. Esse é um processo complexo se a gente não mergulhar no trabalho de psiquiatria jurídica. É uma questão complexa, mas tem consequências. Essas indecisões têm custos para todos. Saber se vai ter terceirizado ou não tem consequências, custos e podem envolver decisões econômicas. É preciso modernizar o diálogo interno também para que possamos avançar nessa perspectiva, cumprindo o objetivo de todos, maior dignidade humana, mais emprego, mais atividade econômica. Se quisermos criar esse modelo burocrático, que façamos experimentos pequenos. Precisamos avançar, mas fazer uma autocrítica”.

  o autor | Autor: Michele Figueiredo
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