Gestão pública sempre foi o tema mais relevante do Brasil e muitas vezes esquecido
23/03/2023 | Categoria: Congressos
“Gestão pública sempre foi o tema mais relevante do Brasil e muitas vezes esquecido”, diz Anastasia
O ministro do Tribunal de Contas da União, Antônio Anastasia, afirmou que a gestão pública que deveria ser preocupação primordial dos governantes, por vezes é relegada a segundo plano, o que causa impacto direto à prestação de serviço de qualidade à sociedade.
“Minha contribuição, como tem sido ao longo de quase 40 anos de serviço público, tem sido estimular o debate e demonstrar a importância da gestão pública, porque não adianta termos recursos financeiros, termos condições de avançar se não tivermos de fato uma gestão pública eficiente, empreendedora, corajosa e que seja inovadora para que possa de fato implementar as políticas públicas. Sem a gestão pública eficiente, a política pública não ocorrerá”, asseverou o ministro do TCU.
Discutir a gestão pública é considerada uma questão “hemorrágica” no Brasil, conforme Anastasia. E de acordo com o ministro, existem no país quatro pilares que dificultam essa gestão de qualidade.
O primeiro deles seria a questão cultural. O Brasil não teria a prática de fazer planejamento de ações a longo prazo. ?“Ao contrário de outros países, que acertaram na gestão pública, não houve no Brasil uma ação coordenada, planejada, vocacionada para que gestão pública avançasse. O resultado é esse: improviso, falta de planejamento, deficiência e falta de qualificação de servidores”, destrinchou Anastasia.
Outro fator seria a falta do hábito de planejar. “Esse é um drama nacional. Se não imaginamos o que vai ocorrer daqui 15 anos, isso não poderá dar racionalidade à gestão pública”, salientou. O ministro ainda pondera que esse não é um traço apenas do setor público, mas também do privado. Soma-se a esse cenário o ambiente político existente no país, classificado como “egoísta e sem sensibilidade”.
“Estão preocupados em modificar nomes de programas que existem ou extinguem os já exitosos. Isso é uma tolice, porque também vai auferir benefícios políticos dessa continuidade. Falta conhecimento da boa gestão pública, falta vontade de planejar, há uma descontinuidade generalizada e uma fragilidade da gestão pública. Isso pressupõe tempo para colher resultados”.
O ministro, que já foi governador de Minas Gerais e senador da República, avalia que “nunca tivemos federação plena no Brasil”. Isso gera conflito entre políticas públicas, que se tornam deficientes na execução por não saber quem é competente em relação a temas como meio ambiente e segurança pública, por exemplo.
“Os conflitos federativos se agravam, com desperdício de recursos na ação carente de valores para otimizar. Nosso modelo federativo precisa ser aperfeiçoado. Não temos cultura federativa”.
O sistema político brasileiro também foi criticado por Anastasia e carrega parcela da responsabilidade pela ineficiência da gestão pública. O ministro do TCU considera que o presidencialismo de coalizão traz deficiências graves e dificuldades de gestão. Isso porque ocorre uma “politização” que precariza a gestão. “A administração pública tem que ser técnica, por isso a preocupação com a qualificação dos servidores. A administração precisa ser preservada, mas há uma contaminação pública com insumos políticos, o que gera falta de continuidade, de planejamento e despreparo”.
Outro ponto que deve ser observado são as reformas administrativas. Para o ministro, ela não se exaure apenas com modificações de leis. Ela é uma atividade permanente, em função da administração pública ser dinâmica. “A redução da despesa não deve ser o propósito principal. Qualificação do material humano deve ser perseguida para excelência. Ele é o sustentáculo da prestação pública de qualidade. Esses são os elementos construtores da gestão pública ousada e moderna”.
Para que haja avanço e melhorias na gestão pública, Anastasia propõe a criação de um espaço permanente para discutir o assunto, o que nunca foi o foco do Brasil. “Isso não ocorre na administração pública. Ela é sempre esquartejada, nunca um organismo com competência, atribuições. É preciso revisar a gestão pública. Com certeza avançaríamos muito na continuidade do programa como alhures acontece com frequência em países desenvolvidos. É preciso sensibilizar lideranças políticas para harmonizar a gestão pública para que tenhamos políticas públicas efetivas”.
Já a ministra do Planejamento, Simone Tebet, que dividiu o painel de abertura do Congresso Nacional de Gestão Pública com o ministro Anastasia, lembrou que o desafio de mudar essa realidade cultural existente no Brasil é da grandeza de todos os servidores, gestores e supera uma gestão.
“Não é possível termos o país dos nossos sonhos se não sabemos para onde queremos ir. Sabemos quem somos, quantos somos, onde vivemos. A pergunta é para onde devemos ir”, ponderou.
Simone Tebet destacou que uma gestão pública ineficiente resulta em desperdício de recurso público e viu com bons olhos a iniciativa do Governo Federal em recriar o Ministério do Planejamento. Salientou que as ações precisam ser pensadas a longo prazo e não com imediatismo, como ocorre.
“Qual obra, qual projeto começa e termina em um ano só? Não tem sentido falar de orçamento anual. A partir do ano que vem, vamos fazer um planejamento de 4 anos, com visão de médio e longo prazo”.
E um dos papeis do Ministério do Planejamento é também monitorar e avaliar as políticas públicas executadas, por isso é considerado uma pasta de atividade meio. “O Ministério do Planejamento e Orçamento sabe que tem que correr atrás do prejuízo. Que país a longo prazo que queremos? Precisamos antecipar essa agenda, pensar três legislaturas. Pode ser que dessa forma a sociedade entenda e modifique essa questão cultural de não entender o planejar antes de agir”.
Simone Tebet concluiu o raciocínio fazendo um panorama da realidade vivida pelo Brasil. Hoje 33 milhões de pessoas passam fome, não há atendimento da primeira infância a contento, há atraso na alfabetização e em virtude disso é preciso priorizar certas ações, o que também é papel de uma boa gestão pública.
“Nesse momento temos que deixar de lado o corte de gastos e falar na qualidade dele”.
o autor | Autor: Michely Figueiredo
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Doutor em Direito. Mestre em Constituição e Sociedade pelo Instituto Brasiliense de Direito Público (IDP, 2014). Especialista em Direito Constitucional (IDP, 2011). Bacharel em Ciências Jurídicas pelo Instituto de Educação Superior de Brasília (IESB, 2009). Professor de Direito Constitucional Aplicado da Pós-Graduação em Direito Legislativo do Instituto Legislativo Brasileiro (ILB/Senado Federal). Professor de Controle de Constitucionalidade do curso de Graduação em Direito do IESB. Professor de Estudos de Caso de Direito Constitucional do curso de Graduação em Direito do IDP. Autor de diversas obras, dentre elas “Processo Legislativo Constitucional” (2ª Edição, Editora...
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