25/03/2023 | Categoria: Congressos
Desburocratizar melhora ambiente negocial e potencializa capacidade da gestão

Hoje no país 80 mil normas federais estão em vigência. Esse volume de regras rendeu ao Brasil o apelido de Babel tributária. Essa condição foi considerada alarmante e absurda pela secretária para Revisão e Consolidação de Atos Normativos na Secretaria Especial para Assuntos Jurídicos da Presidência da República, Ana Paula Melo. Esse emaranhado faz com que a burocracia seja extrema, prejudicando o ambiente negocial, o que afeta diretamente a gestão pública. 

Para mudar essa realidade, um trabalho de revogação já foi iniciado e nos últimos cinco anos pelo menos 7 mil normas já foram revogadas. Isso desde que uma estrutura permanente foi criada no Governo Federal dedicada para este fim. 

Além disso, um projeto de lei está sendo elaborado para derrubar 1200 leis obsoletas, mas que ainda vigem no Brasil. 

A desburocratização e a melhora do ambiente negocial foram tratadas no Congresso Nacional de Gestão Pública. Além de Ana Paula, também participaram das discussões o professor André Santa Cruz e o consultor legislativo do Senado, José Carlos Barbosa. A mediação foi feita pelo advogado Sywan Peixoto Neto. 

Ana Paula destacou que Winston Churchill afirmava em 1949 que onde existe 10 mil regulações, perdeu-se o respeito pela lei. “Hoje no Brasil mais de 80 mil normas estão vigentes. Muitas delas não servem para nada. Quando a gente amplia esse espectro para normas não só federais, mas estaduais e municipais, esse número de 88 para cá, conforme o Instituto Brasileiro de Planejamento e Tributação mostra que 7 milhões de normas regem a vida de todos nós. Esse número é alarmante, absurdo”, exclamou a secretária. 

Por dia útil são criadas 826 normas. E isso impacta a capacidade do país de fazer negócios pela burocracia, uma vez que é humanamente impossível tomar conhecimento de todo o cipoal existente, o que gera insegurança jurídica. 

“Brasil está atrás da Índia, da China, no que diz respeito a dados de governo aberto – isso muito me assusta. Se a China está mais aberta a conhecer normas, precisamos caminhar bastante nesse aspecto”, avaliou. 

Para Ana Paula, a Lei da Liberdade Econômica trouxe um divisor de águas para o país, visto que obrigou a análise do impacto regulatório. 

“Empresas no Brasil gastam por dia R$ 137 milhões para conhecer a nova legislação. Advogados são importantes, mas existem outras possibilidades de trabalho do que ficar tentando entender a legislação. O trabalho de consolidação das normas é ingrato, porque ninguém quer olhar o passado. Esse arcabouço todo, 80 mil normas federais, é sem declaração de revogação expressa. Para revogar, preciso conhecer”. 

Institutos internacionais, que avaliam o desempenho de várias economias pelo mundo, apontam o quanto o Brasil ainda precisa avançar em gestão pública para desburocratizar o ambiente, facilitando o ambiente de negócios. Para o consultor do Senado José Carlos Barbosa, esses dados precisam ser vistos pelos gestores como referência. 

“Os gestores têm o papel de olhar os melhores índices. Não devem ter medo de ousar para encontrar soluções simples para problemas complexos. É isso que que se busca”, ponderou. 

Embora os índices possam ser uma referência, o consultor lembra que as soluções devem ser personalizadas, uma que cada local tem suas peculiaridades. “A criatividade precisa ser usada, mesmo como referência”. 

Foi assim que o professor André Santa Cruz trabalhou no Governo Federal, quando esteve à frente do Departamento Nacional de Registro Empresarial e Integração para desburocratizar a abertura e fechamento de empresas. 

O foco foi na transformação digital, na geração de dados e em buscar um modelo para seguir. Neste caso, o parâmetro foi a avaliação realizada pelo Banco Mundial. 

“Recomendo que qualquer líder adote a transformação digital, a geração dados seguros e um modelo de preferência, considerado a melhor prática internacional”. 

Depois desse processo, hoje em 24 horas o cidadão consegue abrir sua empresa de forma digital, mas o processo não foi fácil. Santa Cruz destaca que pelo fato de o país ainda não ter uma total inclusão digital, fazer essa transformação teve seus percalços. 

Criar um banco de dados fez com que houvesse competitividade entre estados e municípios para que avançassem na desburocratização. Esse mapeamento ainda auxilia o gestor a saber o perfil das empresas existentes no seu município ou estado, facilitando o processo de construção de políticas públicas. 

“Esse painel com o tempo médio de abertura de empresas fomenta a concorrência saudável entre as juntas comerciais. Se não divulga dados, não incentiva a melhora. A dificuldade do mapa foi conseguir os dados da Receita Federal”. 

Outro aspecto que colaborou com essa simplificação e desburocratização foi a revisão normativa. Santa Cruz conta que 56 normas foram sintetizadas em uma só. “Um trabalho muito gratificante, porque havia um foco muito grande na desburocratização”.

 

  o autor | Autor: Michely Figueiredo
Compartilhar no
Comentários

Sobre a Academia

A Academia Brasileira de Formação e Pesquisa atua há mais de vinte anos na formação de pessoas, organização de processos e procedimentos administrativos. Temos como foco principal a formação e capacitação de Recursos Humanos dos setores público e privado.

Possuímos significativo diferencial competitivo em relação ao mercado, uma vez que contamos com profissionais de grande experiência e formação técnica especializada. Desenvolvemos atividades em órgãos públicos de destaque como Governos de Estados, Prefeituras, Tribunais de Contas, Tribunais de Justiça Estaduais e Federais, Autarquias Federais, Bancos Federais, dentre outros.

Diante das particularidades de cada órgão nos especializamos em construir produtos de forma singular e customizados para atender as necessidades específicas de cada demandante. Para isso, possuímos quadro acadêmico de grande envergadura e multidisciplinar, o que possibilita desenvolvermos programas de treinamento e formação avançada customizados. 

Na área de consultoria, atuamos nos diversos seguimentos. No setor público, destacamos reforma administrativa, legislação de pessoal, gestão arquivística de documentos, implementação e aplicabilidade das Leis 14.133/21 – Nova Lei de Licitações e Contratos Administrativos – e 13.709/18 –  Lei Geral de Proteção de Dados.

Sobre a ABFP
ABFP - O QUE FAZEMOS

O que Fazemos

Nossos profissionais dedicam-se ao estudo aprofundado de atividades acadêmicas e pesquisas. Elaboramos e revisamos material teórico nas seguintes áreas: administração pública, recursos humanos, comunicação administrativa, planejamento financeiro, administração de patrimônios, logística, contratos e licitações.

Construímos modelos de relacionamento corporativo através de parceiras consultivas, aprimoramos os resultados por meio de levantamento de dados e formatação de relatórios personalizados.

Produzimos pareceres personalizados e elaboramos planos de gestão complexos dentro das áreas de logística corporativa e gestão de informações, auxiliando na criação de estratégias corporativas nacionais e internacionais.


Quem Somos

Realizamos consultorias, congressos, seminários, workshops, cursos em todo Brasil nas modalidades presencial, telepresencial, EAD e híbrido, in-company e abertos nas mais diversas áreas do conhecimento, tais como: direito – todos os ramos – , administração empresarial, gestão pública, governança pública e privada, controle externo e interno (compliance). 

ABFP - QUEM SOMOSr

Nossos Docentes

Conheça mais docentes Doutores Mestres Especialitas da ABFP

VEJA MAIS